Outra noite, outro encontro. Sai ás pressas fui de encontro aos eucaliptos, onde sinto paz entre árvores iguais que fazem de seu tronco o seu batuque, que fecham a mata em completa escuridão, abriga animais em seus galhos e suas raízes. Sinto-me obrigada a sair da minha toca e ir de encontro á natureza só para ouvir o som do silêncio das árvores, e o que elas têm a me dizer.
Encontro-me longe da civilização por uma noite, sinto que devia fazer isso mais vezes, afinal o que tenho a perder debaixo de uma sombra de árvore, uma sombra obscura que habita as milhas de um pasto denso, no começo pode parecer estranho, você não se acostuma é escuro demais para um simples ser humano, é tão longe de tudo, e o silêncio que ali presente na escuridão preenche seu medo, te faz suar frio como se a qualquer momento alguém te pegasse por trás, ou pelos pés ou por debaixo da saia.
Por que eu teria medo num lugar assim tão sozinho, tão vazio, tão sem vida, afinal o que pode me fazer mal ali, não parece me representar nenhum perigo. Mas é que na verdade eu estou tão acostumada com o som e com a luz que preenchem meu dia de começo a fim, que me amedronto em lugares assim escuros e vazios, convivo com som e luz o tempo todo, pessoas por todo canto, são esses sons, luzes e vidas que amenizam a minha solidão.
Nesse momento não existe ninguém para me lembrar-me de minhas dores, sinto-me obrigada a cair nos braços da loucura das sombras das árvores, não tenho medo de caminhar, a cada passo que dou é uma descoberta, ás vezes um desprendimento de dores, coleciono gravetos de primavera em meus bolsos fundos. Na natureza a loucura está presente, as árvores pressentem o meu medo. Sinceramente eu não espero que a natureza me ouça, me entenda, sei que ela pode se assustar, na natureza tudo está presente, se eu gritar minhas dores tente me compreender, seu gritar de felicidade tente me compreender também, mas enfim me ajude a gritar, vamos nós duas juntas, grite comigo, viva comigo suas dores, suas mágoas, suas alegrias, aqui ninguém canta, só se encanta, como um bom poeta.
Talvez por mais que eu corra neste pasto escuro sozinha, eu nunca saiba entender como sentir o amor, por mais difícil que seja entender, compreenda que amor é pra ser entregue.
Alguma vez
alguém me disse que a morte se veste de vermelho, mais eu prefiro dizer que a
morte é colorida, a morte é um complemento de cores. "Quando alguém morre se
torna um pedaço do céu", é assim que os religiosos me contam desde que eu era
pequena, estive pensando nas vidas que já estiverem presentes comigo e que
hoje perecem em minha vida, quando se caminha sozinha por longos densos pastos
escuros, tudo que é vazio se torna um eco em seus pensamentos, até mesmo a dor
da perda.
vish! muito bom! =D
ResponderExcluirObrigada Gabriel por apreciar meu texto. E era essa a ideia que eu tive outra noite dessas por aí, parada olhando pro nada pensando. Te juro que eu não tenho problemas mentais.
ResponderExcluirhauahauahua nem pensei isso =P ta de Parabens!
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